“Elevo os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.” (Salmo 121.1-2)
Diante da disseminação do coronavírus (Covid-19) em diversos continentes do globo e do número considerável de mortes na China, Irã, Itália e Espanha entre a população de saúde mais vulnerável (principalmente pessoas em idade avançada), a Coalizão Pelo Evangelho no Brasil, com a chegada da doença ao nosso país, através de seus membros subscritos, vêm a público trazer alguns esclarecimentos e orientações, bem como, principalmente, conclamar à Igreja brasileira que se coloque em oração pelo não agravamento da atual situação.
Reconhecemos que o coronavírus representa uma ameaça real à saúde pública do Brasil e configura uma condição de crise nacional, merecendo atenção urgente das autoridades, assim como a colaboração da população acerca de qualquer medida governamental em âmbitos federal, estadual ou municipal.
Reforçamos nossa posição, já manifestada em outras oportunidades, de que a Igreja e, individualmente, os cristãos podem e devem cooperar em participação com a sociedade, seja por meio de medidas educativas, ações concretas ou orações públicas pelo país e por nossas autoridades, quanto mais que o modelo brasileiro de laicidade é colaborativo com a religião.
Cremos que as autoridades são ministros de Deus para o bem, conforme Romanos 13.3, e suas medidas e orientações neste momento delicado devem ser seguidas em espírito de colaboração para o bem comum.
Lamentamos , destarte, qualquer leviandade por parte de autoridades públicas acerca do problema, o que denota uma negação daquilo para o qual foram instituídas por Deus.
Manifestamos, de igual modo, nossa discordância com líderes eclesiásticos que diminuem a importância de medidas concretas de prevenção em suas comunidades locais de fé, e que, tentando a Deus, acabam por colocar em risco a saúde de muitas pessoas dentro e fora de suas igrejas.
Recomendamos , portanto, em termos práticos, que as congregações locais ajudem a divulgar as seguintes orientações: (1) Se alguma pessoa estiver com sintomas de gripe, não deve participar de encontros, cultos ou reuniões; (2) Fazer profilaxia com álcool gel, lavar sempre as mãos com sabão, evitar tocar o rosto com as mãos, evitar contato físico, cobrir o rosto com o antebraço ao espirrar ou tossir, usar lenço descartável; (3) O grupo de risco (idosos, pessoas com dificuldades respiratórias ou com baixa imunidade) deve evitar sair de casa.
Recordamos, outrossim, que no decorrer da história a Igreja regularmente mostrou-se presente em tempos de calamidade ou emergência pública, inclusive em meio a epidemias, tendo cristãos colocado sua própria vida em risco pelo bem do próximo, tal como aqueles que agiram diferentemente dos pagãos que abandonavam seus familiares durante Peste Antonina, que matou um quarto da população do império Romano no segundo século; quando Lutero orientou acerca de como os cristãos deveriam ser portar quando a peste negra, que matou 75 a 200 milhões de pessoas na Eurásia no século XIV, voltou a assolar Wittemberg em 1527; ou como na cólera que atingiu Londres nos anos 1850, a qual Charles Spurgeon viu como oportunidade para pregar a pessoas ansiosas pelo evangelho.
Encorajamos , destarte, que pastores e diáconos cumpram seu papel de servos de Deus diante daqueles que, eventualmente, estejam contaminados e necessitem de oração e consolo, ou a seus familiares, confiando suas vidas e saúde Àquele que é soberano sobre cada um de nós.
Conclamamos , por fim, a todos os cristãos em nosso país que se unam em oração a fim de clamar a Deus da seguinte maneira:
1) Que o Senhor Deus tenha misericórdia do povo brasileiro e não permita que o coronavírus se alastre em grandes proporções em nossas cidades e em nosso território;
2) Que as autoridades públicas recebam sabedoria do alto para pensar em medidas que sejam efetivas para conter a propagação da doença;
3) Que Deus proteja e sustente os profissionais da saúde, que estão na linha de frente dessa luta;
4) Que o povo esteja atento e aja de maneira responsável em colaboração para o bem público;
5) Que os já enfermos sejam fortalecidos e curados da doença, e que a resposta à essa oração se traduza em um número pequeno de fatalidades em nosso país;
6) Que nos países onde o vírus já alcançou grandes proporções consiga-se reverter o quadro desfavorável o quanto antes para frear o crescimento do total de pessoas infectadas;
7) Que as consequências econômicas sejam logo superadas, tanto em níveis nacional e internacional, bem como que os negócios locais se recuperem rapidamente a fim de que o sustento das famílias seja afetado no menor grau possível;
8) Que a Igreja brasileira demonstre bom testemunho em palavras de moderação e em amor ao próximo quando tiver a oportunidade de falar e agir.
Concluímos exortando a cada irmão e irmã em Cristo a não temer mal algum (Sl 23.4), a não estar preocupado por coisa alguma (Fp 4.6-7), ser prudente, sábio e a amar ao próximo (Pv 13.16; Mc 12.31), e a trazer à mente que há um único Deus verdadeiro que controla toda a história (Sl 103.19), e que promete que todas as coisas cooperam para o nosso bem (Rm 8.28). Do mesmo modo que não fazemos bem em negar o problema, também não o faremos se não demonstrarmos moderação e serenidade.
Convocamos a todos, finalmente, que se unam a nós no dia 22 de março, no qual se estabelece um Dia Nacional de Jejum e Oração em razão do surto mundial do coronavírus.
18 de março de 2020.
Augustus Nicodemus é pastor auxiliar na Primeira Igreja Presbiteriana do Recife .
Cleyton Gadelha é pastor titular da Igreja Batista de Parquelândia e diretor executivo da Escola Teológica Charles Spurgeon (Fortaleza/CE).
Davi Charles Gomes é pastor da Igreja Presbiteriana Paulistana (São Paulo/SP).
Emílio Garofalo é pastor da Igreja Presbiteriana Semear (Brasília/DF).
Euder Faber é pastor da Igreja O Brasil para Cristo e presidente da Visão Nacional para a Consciência Cristã .
Franklin Ferreira é diretor-geral do Seminário Martin Bucer (São José dos Campos/SP) e presidente do Conselho da Coalizão pelo Evangelho.
Hélder Cardin é chanceler das escolas teológicas Palavra da Vida Brasil, e professor pesquisador no Seminário Bíblico Palavra da Vida.
Jonas Madureira é pastor da Igreja Batista da Palavra (São Paulo/SP), professor no Seminário Martin Bucer e vice-presidente da Coalizão pelo Evangelho.
Leonardo Sahium é pastor da Igreja Presbiteriana da Gávea (Rio de Janeiro/RJ), vice-presidente da Junta de Educação Teológica da Igreja Presbiteriana do Brasil e diretor do Centro de Treinamento para Plantadores de Igrejas (CTPI) .
Luiz Sayão é pastor sênior da Igreja Batista Nações Unidas e professor no Seminário Martin Bucer.
Mauro Meister é pastor da Igreja Presbiteriana – Barra Funda (São Paulo/SP).
Renato Vargens é pastor sênior da Igreja Cristã da Aliança (Niterói/RJ), escritor e conferencista.
Sillas Campos é pastor da Igreja Batista Central de Campinas e presidente do Ministério Fiel.
Solano Portela é presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil, servindo na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro (São Paulo, SP), e docente no Centro Presbiteriano de Pós Graduação Andrew Jumper e no Seminário Teológico JMC.
Tiago Santos é um dos pastores da Igreja Batista da Graça (São José dos Campos/SP), co-fundador e diretor do programa de estudos avançados no Seminário Martin Bucer e editor-chefe na Editora Fiel.
Valter Reggiani é pastor da Igreja Batista Reformada de São Paulo e presidente da Convenção Batista Reformada do Brasil .
Wilson Porte Jr. é pastor da Igreja Batista Liberdade (Araraquara/SP) e presidente do conselho e professor do Seminário Martin Bucer.
[Com a colaboração de Warton Hertz, Pastoral Resident em Chicago na Addison Street Community Church em conjunto com Neopolis Network e Holy Trinity Church]